Projeto REDESER fortalece ações de manejo sustentável e produção de forragem no Semiárido alagoano
- Bruna Cordeiro - ASCOM

- 4 de out.
- 3 min de leitura

Com o propósito de fortalecer a convivência sustentável com o Semiárido e promover o uso racional dos recursos naturais, a Assessoria e Gestão em Estudos da Natureza, Desenvolvimento Humano e Agroecologia (AGENDHA) realizou, em setembro de 2025, dois cursos formativos no âmbito do Projeto REDESER: o Curso de Planos de Manejo Florestal Sustentável da Caatinga, nos dias 17 e 18, e o Curso de Produção Intensiva de Forragem, nos dias 24 e 25. As atividades aconteceram nos municípios de Delmiro Gouveia, Piranhas e Olho D’Água do Casado (AL) e integraram um conjunto de ações voltadas à resiliência climática e à sustentabilidade produtiva no Semiárido nordestino.
Ambos os cursos combinaram momentos teóricos em auditório e vivências práticas de campo junto a famílias assentadas, estimulando o diálogo entre os saberes locais e o conhecimento técnico. A iniciativa buscou não apenas capacitar estudantes e profissionais, mas também fortalecer a gestão ambiental comunitária e o protagonismo das populações rurais no manejo da Caatinga e na produção agroecológica de alimentos e forragem.
O Curso de Planos de Manejo Florestal Sustentável da Caatinga capacitou os participantes sobre os princípios e as etapas do manejo florestal sustentável — desde a elaboração e licenciamento de planos até o monitoramento das áreas de manejo. Foram discutidos temas como legislação florestal, inventário de espécies, potencialidades econômicas da Caatinga e uso múltiplo dos recursos florestais, com foco tanto em produtos madeireiros quanto não madeireiros.
Durante as práticas de campo, os participantes puderam observar como o manejo sustentável é uma prática antiga transmitida entre gerações, como relatou Maria Pastora, moradora da região:
“Meu pai nunca permitiu cortar Abraúna, dizia que era uma planta sagrada. A gente podia tirar galhos da jurema, da caatingueira, pra fazer a cerca, mas sem desmatar o lodo. Ele sempre nos ensinou a usar a Caatinga com respeito, só o necessário.”
Já o Curso de Produção Intensiva de Forragem teve como foco o aumento da produtividade e da qualidade das pastagens por meio de técnicas sustentáveis. O conteúdo abordou inventário forrageiro, capacidade de suporte da área de reserva legal, pastejo rotacionado, sistemas silvipastoris, integração lavoura-pecuária-floresta e implantação de Sistemas Agroflorestais Ciliares (SAFs Ciliares). A formação buscou promover uma pecuária sustentável, capaz de garantir segurança alimentar animal mesmo em períodos de seca.
Os cursos, com carga horária de 48 horas cada, foram gratuitos e voltados para estudantes de Agronomia e de cursos técnicos em Agropecuária e Agroecologia, além de agentes de ATER, produtores rurais, lideranças comunitárias e povos e comunidades tradicionais. Os participantes que concluíram as atividades com aproveitamento mínimo de 60% receberam certificação emitida pelo Serviço Florestal Brasileiro.
Para Everaldo Pereira, participante das ações do projeto, as experiências práticas trouxeram aprendizados que se refletem diretamente na vida no campo:
“Eu aprendi que a gente só sabe se vai dar certo quando tenta. Depois da trevoada, a água passou por cima e não moveu uma pedra. É muito gratificante ver o resultado do nosso trabalho.”
O evento integra as ações do Projeto REDESER – Revertendo o Processo de Desertificação nas Áreas Suscetíveis do Brasil: Práticas Agroflorestais Sustentáveis e Conservação da Biodiversidade, realizado pela AGENDHA em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), por meio da Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável/Departamento de Combate à Desertificação, com apoio da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).


























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