Criado em 2008 a partir de um encontro entre pesquisadores, estudantes e representantes de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais, o OPARÁ – Centro de Pesquisas em Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação – Órgão Suplementar da Universidade do Estado da Bahia, sediado no Departamento de Educação Campus VIII, em Paulo Afonso, firmou parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) para ampliar suas ações.
O OPARÁ é um espaço acadêmico que visa o fortalecimento da pesquisa, formação continuada dos povos tradicionais, lideranças de movimento sociais no sentido de buscar afirmação, conhecimento e valorização dos saberes populares, buscando ainda o empoderamento das identidades e pesquisa dos patrimônios bioculturais. Atualmente o Centro de Pesquisas conta com duas licenciaturas interculturais, especialização e um polo de programa de mestrado em estudos africanos, povos indígenas e culturas negras.
Com a parceria firmada com o CBHSF, o objetivo é proporcionar ao OPARÁ um espaço acadêmico capaz de atender a demanda de mais comunidades tradicionais, a exemplo dos quilombolas, camponeses, ribeirinhos, entre outros, em um campus avançado de curso superior. A proposta do Centro de Pesquisa foi apresentada em dezembro de 2022 durante a última reunião do ano da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco e aprovada pelos membros e pela coordenação. A equipe de pesquisadores solicitou ao CBHSF o financiamento da construção de um campus avançado incluindo estadia, espaço institucional e organizativo, pesquisas, dormitório e refeitório para oferta de cursos já existentes e com a perspectiva de implementar curso de formação quilombola conforme diretrizes nacionais para educação quilombola atendendo aos professores das escolas da região, curso de agroecologia, mestrado, entre outros.
Após a aprovação da proposta dentro dos projetos especiais da CCR Submédio, foi realizada uma apresentação à Diretoria Colegiada do CBHSF, em Brasília. As professoras e pesquisadoras Edvalda Pereira Torres Lins Aroucha e Floriza Maria Sena Fernandes lembraram que à medida que a demanda aumentou ao longo dos anos, também aumentaram as necessidades em relação a oportunizar infraestrutura adequada e suficiente aos estudantes. “A gente quer que a universidade seja espaço de pertencimento dos povos e é preciso oportunizar uma boa infraestrutura, por isso é tão importante essa parceria com o Comitê, que está sendo presente no sentido de resgate da dignidade da vida do povo ribeirinho”, afirmou a professora Floriza Maria Sena Fernandes.
O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, afirmou que a parceria visa, além da universalização do ensino superior aos povos tradicionais da bacia, a formação de educadores ambientais. “A construção do campus avançado vai oferecer instalações adequadas para os povos tradicionais com estrutura moderna e alojamento, porque os estudantes precisam passar dias na universidade. Além disso, o termo de cooperação visa usar esse espaço para formação de educadores ambientais para toda a bacia com a possibilidade de executar ações em conjunto com pesquisadores e avançar cada vez mais na formação, no incentivo e apoio à cultura e educação dos povos tradicionais da bacia do São Francisco”.
A professora Edvalda Aroucha destacou as dificuldades enfrentadas pela Uneb e superadas na medida do possível. “Foram noites sem alojamento coletivo para dormir, repartindo o prato em solidariedade, falta de recursos para chegar e se manter bem na universidade. Enfim, foram anos desafiadores, superados na medida do possível, com o compromisso e determinação da UNEB/OPARA e toda sua equipe, em especial da professora Floriza Sena e dos Povos Indígenas. Por isso, a parceria com o CBHSF vem, de forma efetiva, viabilizar tecnicamente, estruturalmente e de forma especialmente humanizada, qualificar a educação intercultural, pois viabilizará as condições essenciais de educação tanto dos professores cursistas, como de suas escolas de educação básica.
Contribuirá decisivamente para a qualidade da educação intercultural de todo Submédio São Francisco e por consonância com o bem viver no semiárido, a exemplo da etnoconservação dos recursos da Bacia, conservando mais água de qualidade e acessibilidade para os povos dos campos, cidades e florestas”, afirmou, pontuando ainda a importância de esforços conjuntos.
“Aqui também é importante registrar os esforços da nossa Reitora Adriana Marmori e do Diretor Vinicius e, sobretudo, agradecer a todos e a todas que fazem o CBHSF, destacando-se pela acolhida e aprovação do Projeto, desde a CTCT, a CCR Submédio, na pessoa do coordenador Cláudio Ademar, e do nosso queridíssimo secretário Almacks Luiz Carneiro da Silva, e o inspirador presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, afetuosamente conhecido por nós como o ‘menino do Rio’, aquele que se torna fonte de água, de viveres e vivências. E por último, mas não menos importante, a promotora Luciana Khoury, que como caraibeira está sempre do lado do rio e de seus povos”.
O OPARÁ conta com mais de 500 estudantes, entre as licenciaturas (LICEEI e Pedagogia Indígena), especialização e mestrado nas áreas afins, tendo a previsão de abertura de pelo menos mais 100 vagas. Com mais de 80 pesquisadores envolvidos, o Centro que também funciona com núcleos nos Campi de Euclides da Cunha e Juazeiro, deverá se tornar um campus universitário avançado, desenvolvendo atividades de pesquisa, extensão e ensino superior na modalidade de pedagogia da alternância junto aos povos indígenas, camponeses, povos e comunidades tradicionais nos territórios que compõem o Submédio São Francisco.
“O Comitê do São Francisco entende a importância do OPARÁ para a valorização das comunidades tradicionais e dos ribeirinhos. Através do investimento do CBHSF, o OPARÁ vai ampliar suas ações possibilitando a essa população acesso a cursos que demandam a realidade do rio São Francisco, ou seja, são pessoas que já defendem o rio e o meio ambiente e vão poder se especializar através de formação em defesa do Velho Chico, do meio ambiente e das suas comunidades”, afirmou o coordenador da CCR Submédio São Francisco, Cláudio Ademar.
O Comitê vai financiar a construção da estrutura funcional e a UNEB financiará o custeio dos cursos.
Assessoria de Comunicação do CBHSF: TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social *Texto: Juciana Cavalcante *Fotos: Mariana Martins e Facebook Projeto OPARÁ/Divulgação
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