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Foto do escritorBruna Cordeiro - ASCOM

ASA lança campanha em todo o Semiárido para estimular o voto consciente

Nas sete semanas que antecedem o 15 de novembro, dia das eleições, a Articulação Semiárido (ASA) lança uma campanha para estimular o voto consciente. A campanha “Não troque seu voto” é direcionada, especialmente, para as famílias que experimentaram a inclusão social através de um conjunto de políticas e programas públicos voltadas para a agricultura familiar e para o fortalecimento do paradigma da convivência com o Semiárido.




O lançamento da campanha será no dia 29 deste mês, às 17h, pelo canal do Youtube e facebook da ASA Brasil. As peças da campanha, que irão circular nas redes sociais e nas rádios dos territórios do Semiárido, estimulam as pessoas a conhecer as propostas dos/as candidatas para a agricultura familiar e para o fortalecimento da agroecologia e da convivência com o Semiárido na região.


“É importante que possamos votar naqueles candidatos e candidatas que têm verdadeiramente um compromisso de quatro anos com a população do seu município, com as comunidades camponesas e urbanas, e que defendam bandeiras importantes para a convivência com o Semiárido, para a construção da verdadeira cidadania”, defende o agricultor agroecológico do sertão do Araripe em Pernambuco, Vilmar Lermer, do sítio dos Paudóias, na zona rural de Exú, terra de Luiz Gonzaga.


Este ano, a pandemia – Ao aprofundar ainda mais as desigualdades sociais do Brasil, aumentando a pobreza, miséria e fome em todo o país, a pandemia também ameaça reforçar a velha e corrompida prática da compra de votos. Principalmente, porque a pandemia chega num momento em que a vida fica mais dura pela perda dos direitos trabalhistas, previdenciários e sem políticas, programas e ações públicos que amparavam a produção e comercialização de alimentos saudáveis.


Para Alexandre Pires, da coordenação executiva nacional da ASA, pelo estado de Pernambuco, “a defesa das políticas públicas de atendimento à população camponesa, população rural do Semiárido, é a defesa intransigente da ASA. Sempre vamos atuar numa luta de diálogos para construção e fortalecimento de políticas públicas para a população desta região”.


E acrescenta: “Quando estas políticas não existem, como estamos vendo agora com a redução do número de pessoas atendidas pelo bolsa-família, a negação dos pedidos dos auxílios previdenciários, a redução de recursos e investimentos no programa de cisternas, cria-se um ambiente para que alguns candidatos e candidatas busquem ou queiram trocar os votos por uma determinada necessidade imediata. No entanto, é importante que as pessoas entendam que depois do atendimento da necessidade, aquele candidato ou candidata após eleito/a não terá mais compromisso com esta pessoa, ou com sua comunidade, ou com seu município”.


Também temos a ampliação do senso crítico – Por outro lado, é preciso reconhecer que os 16 anos que as famílias acessaram água, crédito, fomento, assessoria técnica agroecológica, mercados institucionais, etc., trouxeram também a ampliação da consciência cidadã. Olhando só para o acesso à água, hoje, o Semiárido tem espalhado mais de 1,3 milhão de tecnologias que armazenam água da chuva para o consumo humano e para a produção de alimentos. É água potável e alimento à disposição das famílias rurais.


Glória Batista, da coordenação executiva nacional da ASA pela Paraíba, enumera os muitos significados das 1 milhão e 300 mil cisternas para as famílias rurais do Semiárido Brasileiro. “Significa a conquista pelo direito à vida, expresso nas conquistas pelo acesso à água de qualidade e na valorização das sementes do Semiárido. Significa o direito humano à alimentação de verdade, tanto para o autoconsumo das famílias camponesas, quanto para a comercialização nas comunidades rurais e feiras agroecológicas que vem se espalhando por vários municípios do Semiárido. Significa a valorização e reconhecimento do expressivo papel das mulheres camponesas na promoção da agroecologia e convivência com o Semiárido.”


Para Glória, todas estas mudanças – proporcionadas pelo acesso às políticas públicas – potencializam a força, autonomia e capacidade das famílias agricultoras camponesas e de suas organizações. E, desta forma, se fortalece o projeto popular e democrático, defensor da agricultura familiar, a convivência e a agroecologia nos municípios do Semiárido.


“Este projeto só concretiza se a gente lutar por ele. São fundamentais a campanha “Não troque seu voto” e o voto consciente nas eleições municipais, como também a pressão e luta popular durante os próximos quatro anos da gestão dos municípios”, afirma.

O que é voto consciente? – Nas palavras de Alexandre, “é quando o eleitor ou eleitora vota a partir de uma plataforma de intenções que o/a vereador/a, o/a prefeito/a apresentam na sua candidatura. Ou seja: eu quero ser candidato a vereador ou a prefeito e apresento esta plataforma. Essas são as minhas intencionalidades e meus compromissos se eu for eleito. Vamos dar um exemplo, um/a candidato ou candidata diz que uma das suas plataformas é melhorar o sistema de saúde do município, melhorando a infraestrutura dos postos de saúde, contratando mais médicos ou equipes de saúde da família para atender a população. Este compromisso, após o processo do pleito eleitoral, se este prefeito ou prefeita se eleger, a comunidade tem todas as condições concretas de chegar ao gabinete e chegar à prefeitura ou à Câmara de Vereadores e cobrar do eleito/a que cumpra aquele compromisso apresentado no processo eleitoral”. E quem se beneficia com o voto consciente? Toda a comunidade. Porque se o posto de saúde da comunidade rural tem sua estrutura melhorada, se contrata mais uma equipe de saúde da família, toda a comunidade vai se beneficiada. Ao contrário de quando alguém vende seu voto e se beneficia individualmente.


“O voto consciente gera uma onda importante de conscientização social e popular para cobrar dos eleitos e eleitas que cumpram suas plataformas, assim como também gera uma onda importante de benefício e de atendimento da necessidade de toda uma população ou de um determinado grupo de uma comunidade, de um segmento da nossa sociedade”, afirma o representante da ASA.


Retirada de: https://aspta.org.br/ em 29/10/2020

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