Apicultores da região da Canabrava, município de Santa Brígida BA, que engloba também a região do Tanque de Cima, Jeremoabo BA, estão denunciando a morte de milhares de abelhas na região.
Segundo informações de criadores, ouvidos por nossa reportagem, sem dúvida, a causa das mortes é a utilização de agrotóxicos prejudiciais às abelhas utilizados por produtores da região. Vale destacar que recentemente apicultores da região da Bananeirinha e Adriana, no município de Jeremoabo BA também denunciaram o mesmo problema.
“O que acontece é que as abelhas precisam buscar néctar e pólen das flores e elas acabam visitando as plantações, e esse uso de agrotóxicos, que aqui no Brasil está se tornando cada vez mais intenso e prejudicial, acaba por levar à morte essas abelhas”, afirma o especialista Tiago Maurício Francoy da USP São Paulo.
E as abelhas andam até 5km para buscar comida.
O problema vem se agravando mais e mais no Brasil. Recentemente, no município de Gavião Peixoto SP, morreram mais de quatro milhões de abelhas. Segundo resultados de exames feitos nas abelhas mortas, por um laboratório, foi apontada a presença de princípio ativo do fosfonometil, mais conhecido como glifosato, e que está presente em cerca 20 marcas herbicidas aplicados para eliminar mato.
Um levantamento da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) calculou em 770 milhões o número de abelhas mortas no Brasil ao longo de quatro anos. Elas estavam contaminadas por Fipronil e neonicotinóide, que apareceram em 92% das amostras de insetos.
Em janeiro de 2019, Santa Catarina virou notícia nacional por ser palco de um dos maiores extermínios de abelhas no país: 50 milhões morreram em menos de um mês. Testes custeados pelo Ministério Público estadual indicavam que os agentes causadores eram agrotóxicos usados em propriedades vizinhas.
No Espírito Santo o uso e a venda de agrotóxicos que contenham em sua composição Clotianidina, Tiametoxam, Imidacloprido e Fipronil – isoladamente ou em associação – e seus derivados, podem ser proibidas. Essa é a finalidade do Projeto de Lei (PL) 639/2021, apresentado na Assembleia Legislativa (Ales) pela deputada Iriny Lopes (PT).
O grande problema é que a venda desses agrotóxicos é permitida pelo Ministério da Agricultura.
Infelizmente, o regimento de agrotóxicos no Brasil está indo em direção contrária ao que os países desenvolvidos estão fazendo. “Esses agrotóxicos estão banidos na Europa e nos Estados Unidos há muito tempo já. E aqui, no Brasil, estamos seguindo o caminho inverso e liberando cada vez mais agrotóxicos.”, informa o especial Tiago Maurício Francoy da USP São Paulo.
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