O Projeto Ater Agroecologia da AGENDHA recebeu a visita técnica do fiscal da Bahiater, Helder dos Anjos, no período de 20 a 25 de setembro. Em uma semana, foram realizadas visitas técnicas para verificar a efetividade das ações executadas durante o primeiro ano do projeto. Chorrochó, Paulo Afonso, Glória, Jeremoabo e Santa Brígida foram os cinco municípios selecionados para a visita que aconteceu sem agendamento das famílias. Teve como intuito monitorar e acompanhar a execução do contrato firmado entre o Governo da Bahia, financiador destas ações e, a AGENDHA.

A Chamada Pública nº 01/2018 - Ater Agroecologia, visa o fortalecimento da Política Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural e a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) no cumprimento de sua missão institucional de garantir o serviço público e gratuito de ATER, abrindo os caminhos para a promoção do desenvolvimento rural e da agricultura familiar baiana, em consonância com as expectativas das famílias envolvidas que tem a agricultura como modo de vida e trabalho. Este projeto visa levar serviços de assistência técnica e extensão rural pública as famílias agricultoras nos Territórios Itaparica e Semiárido NE II. O Projeto é financiado pelo Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e a Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater) e o SETAF (Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar).
As comunidades visitadas foram: Jurema (Chorrochó), Marancó (Santa Brígida), Sítio do Lúcio (Paulo Afonso), Retiro (Glória) e Rompe Gibão (Jeremoabo). O monitoramento proporcionou diversos encontros com a equipe de campo e, possibilitou a troca de informações, vistorias e ajustes documentais, esclarecimento de dúvidas sobre o SIGATER, além de proporcionar o conhecimento sobre a realidade das famílias beneficiadas. Helder esclareceu por que o trabalho de assistência técnica é tão importante:
“vocês enfrentam desafios diários com o clima, seja pela seca, seja pelas chuvas desordenadas, isso nos obriga a fazer um trabalho cada vez melhor, focado em propor políticas públicas e, construir a autonomia nos agricultores familiares para entender, experimentar e criar soluções diárias em seus sistemas produtivos".
Ele ressaltou a importância de o projeto trabalhar em rede e ser abraçado pelas prefeituras, SETAF e Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

Indicadores de Impactos
Para o primeiro ano de execução, o Ater Agroecologia previa e, já realizou a mobilização dos parceiros e das famílias, o cadastro no SIGATER dos diagnósticos dos agroecossistemas, o diagnóstico comunitário participativo e está iniciando a caracterização dos agroecossistemas, neste contexto, é imprescindível dialogar e construir indicadores como mediadores do monitoramento do projeto, pois é uma proposta que vai fazer o comparativo dos impactos ao final dos três anos de execução. Segundo Helder: “o objetivo principal desta proposta é uma orientação técnica fortalecida e contextualizada com a realidade local. O projeto tem muitos desafios, entre eles manter a memória mobilizadora. As famílias incluídas precisam entender o contexto do projeto, agregar conhecimento que já possuem para que eles possam ter mais autonomia de praticar o que aprenderam e resolver os problemas à medida que surgem”.
Foram realizados 540 cadastros de famílias com DAP (Declaração de Aptidão ao Pronaf) válida, sendo 180 no Território Semiárido NE II e, 320 no Território Itaparica. Foram 06 projetos emergenciais aprovados, com fomento para construção de estufas agroecológicas associadas aos quintais produtivos, aquisição de equipamentos e insumos. O diagnóstico inicial traçou o perfil do beneficiário/a, mapeou a situação dos sistemas produtivos, levantou a infraestrutura e os aspectos culturais da comunidade. Ao final de cada ano, o Governo da Bahia, por meio da Bahiater, realizará avaliação dos avanços e retrocessos de todas os sistemas e agricultores/as beneficiados.
Agroecologia e resiliência: Os desafios das mudanças climáticas
A segurança alimentar, no que cerne a capacidade de armazenar e diversificar a produção nos agroecossistemas é uma das grandes metas do Ater Agroecologia. Na realização desse primeiro ano, foi possível documentar as formas de captação, usos e aproveitamento da água, o manejo do solo e a sanidade dos animais de todas as famílias. Essa base de dados oferece uma grande oportunidade de aprender e, construir para os próximos anos uma assessoria técnica voltada a agroecologia, que busca amenizar os impactos da região semiárida sobre os agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais que vivem nestes territórios.

“O que eu mais desejo com esse projeto é receber conhecimento, por que o que se aprende ninguém tira, o conhecimento nunca morre. Eu nasci e me criei aqui, por isso que darei tudo pelo projeto. Quero aprender a lidar melhor com a terra, por que para manejar eu preciso conhecer primeiro”. José Pedro (Presidente da Associação Comunitária do Rompe Gibão), contemplada com o Edital Emergencial, que visa o fomento de 20 Sistemas de Produção Agroecológica de Alimentos Biodiversificados, associados aos QUIPÁS – Quintais Produtivos Agroecológicos.
As mudanças climáticas demandam medidas urgente de mitigação que possam reduzir a emissão dos gases do efeito estufa. Ao percorrer os dois territórios, foi possível observar o seu potencial e a necessidade de criar estratégias em rede. Nos municípios do Território Itaparica, temos a diminuição da água de qualidade para o consumo humano, fontes naturais de água que precisam do carro pipa para encher, sistemas de captação que não se renovam há pelos menos três anos pela falta de chuvas. No Território Semiárido NE II, temos produções perdidas pelo excesso de chuva, falta de tecnologias sociais para o armazenamento e para a proteção das hortas e quintais produtivos.

No município de Santa Brígida, na comunidade Marancó, diversos beneficiários relataram a perda das produções devido ao excesso de chuva. O agricultor Marcos esclareceu sobre a perda da produção em 2021: “perdi todo o milho e o feijão que eu plantei e o que sobrou tivemos infestação de preás e, perdemos também. É uma situação muito difícil, muita luta diária, espero que esse projeto possa nos ajudar, por que precisamos aprender a pensar grande, quero produzir para enviar para fora”.
O projeto de Ater Agroecologia é realizado pela AGENDHA em oito municípios e terá três anos de duração. É financiado pelo Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e a Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater) e o SETAF (Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar).
Texto: Bruna Cordeiro - Comunicadora Popular - Ater Agroecologia
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